3372
Foto: Freepik

O funil de vendas, por décadas, foi o mapa mental do marketing. A ideia era simples e linear: atrair, converter, fechar. As empresas investiam pesado na parte de cima, na atração, para que os leads escoassem pelo funil até se tornarem clientes. Mas, com a chegada da internet e, mais recentemente, a explosão das redes sociais, o consumidor mudou. Ele não segue mais um caminho previsível. Pelo contrário, sua jornada é dinâmica, com múltiplas interações, pesquisas e diálogos antes de qualquer decisão de compra. Esse novo cenário coloca em xeque a validade do funil, e o novo marketing exige que se pense muito além da simples conversão.

Esse novo comportamento do consumidor, que realiza centenas de interações digitais antes de sequer considerar uma compra, mostra que a relação com a marca não termina na venda. O funil, por sua natureza, tem um ponto final: a conversão. Mas as empresas que estão prosperando hoje entendem que a jornada continua, e o cliente satisfeito se torna um promotor da marca, atraindo novos consumidores em um ciclo virtuoso. É uma mudança de perspectiva que transforma o modelo linear em um ciclo contínuo, onde o foco não está apenas em adquirir novos clientes, mas em reter e engajar aqueles que já fazem parte da base.

Essa virada de chave no marketing reflete uma alteração fundamental na forma como as marcas enxergam o crescimento. Conforme explica o especialista em marketing digital e cofundador da Boomer, Pedro Paulo Alves, “a jornada do consumidor deixou de seguir um caminho previsível e linear. Hoje, ela se desenha de forma dinâmica, com múltiplos pontos de entrada, saída e retorno”. A lógica deixou de ser um processo rígido para se tornar um ecossistema de relacionamento. O sucesso não é mais medido apenas pelo número de vendas, mas pela qualidade do engajamento e pela fidelidade que a marca consegue construir.

O foco agora é criar valor contínuo para o cliente, seja através de conteúdos relevantes, experiências de uso simplificadas, ou um suporte pós-venda que realmente faça a diferença. A pergunta deixou de ser “como converter mais?” e passou a ser “como criar valor contínuo?”. O funil, que em sua forma tradicional via a venda como o ponto de chegada, é substituído por um modelo circular. Nesse novo ciclo, a fidelização e a defesa da marca são tão importantes quanto a aquisição. O cliente se torna o centro da estratégia, e a experiência dele, do primeiro contato até o pós-compra, é o que impulsiona o crescimento.

Essa mudança reflete uma visão mais madura e estratégica do marketing. É uma transição que prioriza a construção de ativos duradouros, como a reputação, a comunidade e, claro, a fidelização. É um abandono da pressão por resultados imediatos em favor de uma visão de longo prazo. Adotar esse novo modelo, no entanto, não é um processo trivial. Requer uma transformação cultural nas empresas, que precisam se tornar mais flexíveis e abertas à experimentação. O marketing do futuro não se resume a plataformas ou tecnologias, mas a uma mentalidade que coloca o relacionamento e o valor contínuo acima de tudo, reconhecendo que a jornada do cliente é, na verdade, um ciclo que nunca termina.

Share.
Leave A Reply