O mercado digital brasileiro se prepara para um Natal aquecido em 2025, com uma movimentação financeira estimada em mais de 26 bilhões de reais. Um estudo recente da Serasa Experian, baseado em 54 milhões de CPFs, traçou o perfil detalhado de quem utiliza os marketplaces para suas compras. Os dados revelam que a grande massa de consumidores possui uma capacidade de pagamento de até 2 mil reais, evidenciando a força das classes populares no e-commerce.
A pesquisa utilizou a plataforma Insights Hub para cruzar dados financeiros, comportamentais e analíticos dos usuários. Foram considerados fatores fundamentais como renda mensal, pontualidade no pagamento de contas, dívidas em aberto e a pontuação do Serasa Score. Essa análise profunda permite entender não apenas quem está comprando, mas qual a real saúde financeira de cada fatia do mercado brasileiro atualmente.
Para Gustavo Monteiro, diretor da Serasa Experian, o varejo precisa de estratégias cada vez mais direcionadas para aproveitar datas sazonais. Compreender a relação entre o orçamento disponível e os hábitos de consumo permite que as empresas ajustem suas ofertas e canais de atendimento. O objetivo é criar experiências de compra que respeitem o momento financeiro de cada cliente, garantindo a sustentabilidade das operações de venda.
Perfil e comportamento das classes C e D
Os consumidores com capacidade de pagamento de até 2 mil reais representam a ampla maioria do público analisado, concentrando-se nas classes C e D. Esse grupo demonstra um engajamento digital surpreendente, com mais de 70% realizando compras frequentes pela internet. O interesse principal desse segmento recai sobre itens de moda e leitura digital, mostrando uma preferência clara por categorias específicas de produtos.
No aspecto financeiro, a maioria desse público mantém uma pontualidade de pagamento considerada boa, situando-se em faixas intermediárias de crédito. O uso do cartão de crédito está presente em quase 40% dos casos, refletindo uma busca por parcelamento e conveniência. O Serasa Score dessa fatia da população costuma variar entre 401 e 600 pontos, o que exige atenção das empresas quanto ao risco de crédito.
A alta conectividade desses brasileiros indica que os marketplaces são vistos como ferramentas de acessibilidade e comparação de preços. Mesmo com uma renda mensal mais limitada, a afinidade com o ambiente online impulsiona o volume de transações. Para as marcas, o desafio é oferecer produtos que caibam no bolso desse consumidor sem abrir mão da qualidade e da rapidez na entrega.
Consumidores de alta renda e o topo da pirâmide
No extremo oposto, um grupo seleto de consumidores apresenta capacidade de pagamento superior a 4 mil reais, sendo composto majoritariamente pelas classes A e B. Esse segmento se destaca por ter rendas mensais que frequentemente ultrapassam os 10 mil reais e por um uso massivo de tecnologias financeiras. Quase a totalidade desses brasileiros utiliza bancos digitais e cartões de crédito de forma intensiva em seu cotidiano.
A saúde financeira deste público é notavelmente estável, com índices de pontualidade de pagamento que chegam perto de 100%. A ausência de dívidas em atraso e os altos índices de Serasa Score facilitam o acesso a limites de crédito maiores e condições exclusivas. Além das compras online, eles buscam serviços digitais integrados que ofereçam agilidade e sofisticação durante a jornada de consumo.
A importância de segmentar esses perfis reside na personalização das campanhas de marketing e vendas. Enquanto o público de massa busca preço e condições de parcelamento, o topo da pirâmide valoriza a exclusividade e a eficiência tecnológica. O uso de dados comportamentais permite que as empresas de marketplace desenhem jornadas que atendam perfeitamente às expectativas de cada um desses diferentes mundos.
Estratégias para o sucesso no varejo digital
A crescente concorrência no ambiente virtual torna indispensável a adoção de estratégias personalizadas para atrair e reter clientes. Segundo os especialistas da Serasa, combinar informações financeiras com hábitos de navegação ajuda a prever o comportamento de compra de forma mais precisa. Isso evita o desperdício de recursos em campanhas genéricas que não conversam com a realidade financeira do público-alvo.
A inteligência de dados aplicada ao varejo permite que as ofertas cheguem ao consumidor no momento exato de sua necessidade. Seja no ambiente online ou em lojas físicas, a integração de canais baseada no perfil de pagamento otimiza o estoque e a logística. Em períodos de forte consumo como o Natal, esse direcionamento é o que separa as marcas líderes das demais concorrentes.
Portanto, o estudo serve como um guia para empresas que buscam entender as nuances da economia brasileira atual. O equilíbrio entre o potencial de consumo e a capacidade real de pagamento é o segredo para uma operação saudável e lucrativa. Ao respeitar o orçamento do consumidor, o varejo fortalece a confiança e garante a fidelização em longo prazo.